Como e Com Quem Conhecemos o Mundo? Giros para uma Educação em Ciências Multiespécie Amorosa

Essa perspectiva também é presente no pensamento marxista de Anna Stentsenko que enfatiza a importância de uma unidade entre ser saber e fazer nas pesquisas para que elas tenham um potencial de transformação social e ação no mundo. Ludwig et al. (2024) identificaram que comunidades tradicionais de pescadores explicavam, representavam e se relacionavam com peixes e vegetais de forma diferente da científica. Apesar disso, eles identificaram relações entre concepções culturais e científicas, a influência da dimensão espiritual e a influência dos usos culturais na conservação de certas espécies.

Esta é instrumento de poder e parte irredutível da vida social, e seu fluxo envolve ação e interação, relações sociais, pessoas, mundo material, fenômeno mental e discurso (Ramalho & Rezende, 2011). Assim, o currículo se configura como um território político de construção de identidades (Silva, 2019), que pode colaborar para a emergência de discursos e posturas que possibilitem inéditos viáveis. A seguir, nos aproximamos de autores e perspectivas que fornecem sementes para giros necessários em direção a uma educação em ciências que possibilite inéditos viáveis e a imaginação de outras formas de perceber, ser e existir na Terra.

Aprender para Compreender o Mundo

Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa (

Para El Hani e Mortimer (2007), a linguagem e o exercício argumentativo são fundamentais para compreender diferentes discursos, incluindo o científico, sendo a educação científica um espaço para o exercício de compreender diferentes epistemologias e cosmovisões. A linguagem pode incluir ou excluir outridades ambientais, e diante de nossa incompletude (Freire, 2014) é necessário um esforço de ampliação de nossas formas de comunicação e diversificação da linguagem. Isso demanda uma educação (Rufino, 2021), pois envolve um refazimento de si, uma motricidade, uma dimensão ontológica para permitir essa transgressão. Essas reflexões são fundamentais para pensarmos em com quem consideramos possível construir conhecimento e quem consideramos/valorizamos no nosso modo de existir e pensar o mundo.

Inclusão do indivíduo através da valorização, do respeito, na igualdade de oportunidades que pode-se aprender a conhecer, fazer, conviver e ser o todo, uma sociedade. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação. A compreensão está associado ao conhecer; a reprodução ao saber; a aplicação ao saber fazer e o ser à criatividade.

Ele sugeria que a educação e o letramento deveriam sempre incluir a análise crítica da mídia, para que os indivíduos pudessem tomar decisões informadas e conscientes. Vivemos em uma sociedade onde a informação circula rapidamente e a capacidade de interpretar e utilizar essa informação corretamente é essencial. A visão de Freire sobre o letramento é ainda mais relevante nos dias de hoje, onde as fake news e a desinformação são problemas cada vez mais presentes.

Aprender a conhecer

Criar algo inteiramente novo ainda é uma capacidade exclusiva do ser humano, assim como a empatia. Em vez disso, as pessoas estão a ficar entusiasmadas com robôs que se parecem com humanos. Como resultado, os alunos se preocupam principalmente com a sua posição dentro do sistema e como melhorá-la; pensam menos no próprio sistema e como poderiam melhorá-lo. As escolas de elite de hoje prometem aos pais certas referências e redes de contato para que os seus filhos possam continuar a ocupar posições influentes, quando o que realmente precisamos é que a educação se concentre em compreender a sociedade como um todo e os desafios enfrentados no século XXI.

Incentivar os alunos a expressar o que acharam mais interessante nas representações dos colegas e como isso pode se aplicar em contextos da vida cotidiana. A globalização, a tecnologia e a instabilidade política estão criando um mundo cada vez mais complexo e interconectado. Nesse contexto, a educação precisa se adaptar para preparar as pessoas para os desafios do futuro. Saiba horários, regras, estrutura da prova e como o exame impacta a residência médica no Brasil. Neste contexto, a Quero Bolsa oferece uma excelente oportunidade para ampliar seus horizontes educacionais. Com bolsas de estudo de até 80% em milhares de instituições de ensino superior em todo o Brasil, você pode encontrar o curso ideal.

Ela nos permite entender como as sociedades evoluíram ao longo do tempo, como as culturas se desenvolveram e como as instituições e sistemas políticos foram criados. Além disso, a História nos ajuda a entender os problemas contemporâneos e suas raízes históricas. A proposta da aula pode ser desdobrada em várias outras atividades, ampliando o conhecimento dos alunos sobre mapas e suas interpretações.

Uma leitura neuropsicológica do filme Toc-Toc (

A classificação por notas é apenas um exemplo de como a educação tem uma forma muito industrializada de olhar para as coisas, como se normatizar e classificar os jovens pudesse ajudá-los a desenvolverem-se com liberdade e felicidade. A educação tem por missão, por um lado, transmitir conhecimentos sobre a diversidade da espécie humana e, por outro, levar as pessoas a tomar consciência das semelhanças e da interdependência entre todos os seres humanos do planeta. Quando assistimos a uma aula gravada, áreas como o córtex visual e o córtex auditivo são ativadas de maneira sincronizada, o que, segundo pesquisas em neuroeducação, aumenta a retenção de informações em comparação a métodos que dependem apenas da leitura ou da escuta passiva. Além disso, a flexibilidade das vídeo-aulas — como poder pausar, voltar, assistir em diferentes velocidades — permite que o estudante assuma maior controle sobre o ritmo do próprio aprendizado, respeitando seus limites atencionais e suas necessidades cognitivas.

Isso requer movimentos ético-ontoepistemológicos de ampliação dos sujeitos envolvidos no ensino e pesquisa para além da espécie humana a fim de incluir perspectivas de mundo de diferentes habitantes do cosmo. Em diálogo com o filósofo e psicanalista alemão Erich Fromm, o conhecimento de si faz parte do processo de amar, sendo o amor algo natural em nós humanos. Isso dialoga com Arias (2010), pois ele reconhece que a existência humana se configura pela capacidade de amar e o corazonar envolve nos reconhecer presente no outro, sendo isso um movimento amoroso e de alteridade. A ênfase no conhecimento de si presente nesses posicionamentos é algo pouco presente no debate da ética ambiental, que costuma abordar a relação com o outro numa dimensão racional.

Mueller et al. (2011) identificaram um pluralismo biocêntrico no campo, diante dos diferentes sentidos atribuídos ao termo “biocêntrico”. Eles desenvolveram uma atividade de educação ambiental e educação científica que envolvia reconhecimento de uma árvore ter direito a sua vida. Esse exercício desafiou as bases culturais e antropocêntricas da ciência moderna, gerou um movimento de alteridade, promoveu a discussão sobre sujeito de direitos, e valorizou aspectos culturais e espirituais como caminho educativo. Os passos do corazonar, das epistemologias ecológicas, do sentipensar vão na direção de mudanças na pesquisa e no ensino para que possamos valorizar a vida e diferentes formas de existir tanto na reconhecida pelo mec Terra quanto no cosmo.

Os professores precisam ser capacitados para desenvolver atividades e projetos que promovam o desenvolvimento dessas habilidades. Para Freire (2014) quando nos deparamos com essas “situações-limites” é possível servir a elas, negá-las, freá-las. Isso depende de como as percebemos, pois podem ser tanto uma “fronteira entre o ser e o nada” quanto uma “fronteira entre o ser e o mais ser” (p. 130), ou seja, podemos nos imobilizar e permanecer ou agir no sentido da mudança e libertação da situação-limite.

Também é importante lembrar de reforçar a noção de diversidade no aprendizado, respeitando e incorporando diferentes perspectivas e representações que enriquecem o entendimento web mapear a complexidade do mundo. Por meio da educação nos transformamos em cidadãos, coabitados em um mesmo espaço; espaço este de interação entre família, escola, sociedade, trabalho. Somos o resultado destas relações e interações compostas por uma diversidade de pessoas, com culturas, ideias, valores, língua, religião, raça diferentes, cada qual com necessidades específicas, identidades e características próprias, com um propósito único, o todo. E é através da cidadania, o exercício de ser cidadão, que nossos atos e comportamentos são refletidos na coletividade, com ação direta na sociedade. Em conclusão, o ensino dos mapas e suas diferentes visões de mundo deve ser tratado de forma a fomentar a crítica e a reflexão. Os educadores devem conduzir os alunos a compreender que um mapa não é só um recurso informativo, mas uma ferramenta poderosa de comunicação que pode moldar opiniões e realidades.